
Após confronto verbal, na sexta-feira, Zelensky deixou a Casa Branca sem o acordo sobre os minerais assinado. Já este sábado reafimou a dificuldade em alcançar uma paz segura e duradoura sem os EUA.
O presidente ucraniano está em Londres, onde se vai encontrar com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, esta tarde.
Starmer convocará amanhã, segundo avança a Sky News, uma reunião de líderes europeus em Downing Street, com o objectivo de planear a melhor forma de supervisionar um futuro acordo de paz na Ucrânia, o qual, segundo o governante, terá de envolver os EUA.
Após o confronto verbal de sexta-feira na Sala Oval, Zelensky emitiu este sábado um comunicado em que diz que a situação da Ucrânia é difícil e que precisa do apoio dos Estados Unidos, de Trump e dos americanos para alcançar uma paz segura e duradoura.
“Estamos muito gratos aos Estados Unidos por todo o apoio. Estou grato ao Presidente Trump, ao Congresso pelo apoio bipartidário e ao povo americano. Os ucranianos sempre apreciaram este apoio, especialmente durante estes três anos de invasão em grande escala”, começa, dizendo que a ajuda dos EUA foi “essencial” para a sobrevivência do país.
“É crucial para nós termos o apoio do Presidente Trump. Ele quer acabar com a guerra, mas ninguém quer a paz mais do que nós. Somos nós que vivemos esta guerra na Ucrânia. É uma luta pela nossa liberdade, pela nossa própria sobrevivência”, acrescentou Zelensky.
O presidente ucraniano citou depois o antigo presidente norte-americano Ronald Reagan: “A paz não é apenas a ausência de guerra”. E reafirmou que “um cessar-fogo não funcionará com Putin”. “Quebrou o cessar-fogo 25 vezes nos últimos 10 anos. A verdadeira paz é a única solução”, defendeu.
“Estamos prontos para assinar o acordo de minerais, e este será o primeiro passo para as garantias de segurança”, prosseguiu Zelensky. “Mas não é suficiente, e precisamos de mais do que isso. Um cessar-fogo sem garantias de segurança é perigoso para a Ucrânia. Estamos a lutar há três anos, e o povo ucraniano precisa de saber que a América está do nosso lado”, acrescentou, diznedo que não pode mudar a posição da Ucrânia em relação à Rússia.
“Os russos estão a matar-nos. A Rússia é o inimigo, e é essa a realidade que enfrentamos. A Ucrânia quer a paz, mas deve ser uma paz justa e duradoura”, afirmou, dendendo a necessidade de uma postura forte na mesa de negociações.
“O acordo sobre os minerais é apenas um primeiro passo em direcção a garantias de segurança e à aproximação da paz”, disse, admitindo que a situação da Ucrânia é difícil. “Será difícil sem o apoio dos EUA”, admitiu. “A Europa está pronta para contingências e para ajudar a financiar o nosso grande exército. Precisamos também do papel dos EUA na definição das garantias de segurança – que tipo, que volume e quando. Quando estas garantias estiverem em vigor, poderemos falar com a Rússia, a Europa e os EUA sobre diplomacia”.
“A nossa relação com o presidente americano é mais do que apenas dois líderes. É um laço histórico e sólido entre os nossos povos. É por isso que começo sempre com palavras de gratidão da nossa nação para com a nação americana”, disse o presidente ucraniano.
“O povo americano ajudou a salvar o nosso povo. Os seres humanos e os direitos humanos estão em primeiro lugar. Estamos realmente gratos. Queremos apenas relações fortes com a América, e espero realmente que as tenhamos”, acrescentou.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu hoje que “ninguém se esqueça” do seu país, que enfrenta um conflito armado com a Rússia, após a discussão pública durante um encontro com Donald Trump, na Casa Branca.
“Para nós é muito importante que a Ucrânia seja ouvida e que ninguém se esqueça dela, nem durante a guerra nem depois”, escreveu Zelensky numa mensagem publicada na sua conta no Telegram.
“É importante que o povo ucraniano saiba que não está sozinho, que os seus interesses estão representados em todos os países, em todos os cantos do mundo”, acrescentou Zelensky, que esta sexta-feira esteve reunido com a comunidade ucraniana na capital dos Estados Unidos.
O Presidente ucraniano também aproveitou para reiterar o seu agradecimento ao apoio recebido, sem mencionar de forma direta o incidente com Trump, que resultou numa inédita e tensa discussão pública.
“Obrigado pelo vosso apoio durante este momento difícil, por todos os vossos esforços pela Ucrânia e pelos ucranianos, e pela vossa ajuda, não apenas diplomática e financeira, mas também política, e pelas vossas orações”, acrescentou.
Trump pondera suspender apoio militar a Kiev após altercação com Zelensky
O Governo norte-americano liderado por Donald Trump está a considerar suspender o envio de equipamento militar para a Ucrânia, após a altercação registada na Casa Branca com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, noticiou na sexta-feira o jornal Washington Post.
De acordo com o Post, que cita uma alta autoridade norte-americana, o governo está a considerar “suspender todos os envios em curso” para a Ucrânia devido à intransigência de Zelensky em relação ao processo de paz com a Rússia.
Esta medida afectaria a chegada de radares, veículos, munições e mísseis à Ucrânia. (DN)