
Pelo menos 900 crianças deslocadas na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, estão a ser reintegradas no sistema nacional de educação, no âmbito do Programa de Educação Acelerada para menores que abandonaram o ensino devido a ataques terroristas.
“Estes programas permitem que as crianças recuperem o tempo perdido e as competências não desenvolvidas no momento oportuno, alcançando deste modo os colegas da mesma idade e nível escolar”, disse o diretor de educação em Cabo Delgado, Afonso Sacume, durante o Conselho consultivo provincial.
Desde outubro de 2017, Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.
Segundo o diretor de educação na província de Cabo Delgado, o Programa de Educação Acelerada, aprovado pelo Governo em 2024, está a ser implementado nos distritos de Mueda, Ancuabe e Chiúre e visa “melhorar a aprendizagem de crianças deslocadas”.
O responsável disse que o programa visa “recuperar as crianças deslocadas e fora da escola e devolvê-las ao ensino do sistema nacional de educação e integrar de forma satisfatória as crianças deslocadas através da recuperação do tempo e competências perdidos”.
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Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos na província, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.
O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio de 2024, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de rebeldes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e militares ruandeses, que apoiam Moçambique no combate aos ataques armados.
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