Papa Francisco transformou “diferença cultural” em “património” para a Humanidade, diz superior dos jesuítas

Sosa avisou, logo no início do encontro com os jornalistas, em que alternou entre o italiano, o espanhol e o inglês, que não pretendia comentar as suas expectativas para o próximo Papa antes do conclave. “Partilho das vossas interrogações sobre o futuro imediato da Igreja”, disse, sublinhando que “o conclave serve para escolher o sucessor de Pedro, não o sucessor de Francisco”.

Questionado sobre o perfil indicado para o próximo sucessor de Pedro, Arturo Sosa destacou que é necessário “um outro homem de Deus”, que seja capaz de “olhar com um olhar universal, que não é o mesmo que um olhar internacional”. Um olhar, acrescentou, cujo ponto de partida seja “o reconhecimento da diferença, da diversidade cultural e histórica, num momento em que a universalidade do mundo está em risco”.

Para o superior da Companhia de Jesus, mais do que um reformador, Francisco foi “alguém consequente com a reforma que a Igreja começou”. Sosa explica que “não se entenderia o que é o Papa Francisco sem o Concílio Vaticano II”, que colocou a Igreja “numa direção” que Francisco respeitou a implementou.

Arturo Sosa sublinhou ainda que “o grande contributo do Papa Francisco” foi trazer para a mesa da discussão a “diferença de posições”, dialogando com “pessoas que pensam diferente dele” sem qualquer preconceito. “Reconhecer as opiniões contrárias como opiniões que vale a pena ouvir e discernir”, resumiu.

Questionado sobre o impacto que um pontificado de um Papa jesuíta teve na própria Companhia de Jesus, Arturo Sosa preferiu lembrar que “um jesuíta não é uma raça diferente” de cristão e que o discernimento, característica própria da espiritualidade inaciana, “não é uma invenção do Papa Francisco”, mas está presente na história das relações com Deus”.

“Diria que ele, jesuíta que foi chamado ao ministério petrino, acompanhou a Companhia de Jesus”, sublinhou. Mais do que “grandes documentos”, como as encíclicas Laudato Si’ ou Fratelli Tutti, Francisco deixou “sinais” concretos, estando “presente junto dos migrantes” ou viajando para as periferias.

O Papa Francisco morreu na segunda-feira aos 88 anos de idade, depois de um pontificado de doze anos marcado por um esforço reformista que lhe valeu a admiração de crentes e não-crentes. O corpo de Francisco está esta semana exposto à veneração dos fiéis na Basílica de São Pedro, no Vaticano. O funeral está agendado para o próximo sábado, seguindo-se a sepultura de Francisco na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma.

Author: Tudonoar

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