
O que motivou tamanho périplo? “Tony Carreira, o único, o maravilhoso, o incrível. É um casamento longo, um casamento para a vida”, afirma Madalena, cozinheira de 45 anos numa instituição de crianças que se viajou de propósito de Guimarães para São Bento para assistir ao concerto do cantor romântico. Fã oficial, veio acompanhada de várias outras com cachecóis alusivos ao artista, admitindo todas elas que provavelmente não estariam ali presentes se não fosse Tony Carreira o cantor escolhido por Luís Montenegro para as festividades deste ano. “Estas iniciativas são brilhantes porque dão a oportunidade das pessoas de conhecer os jardins, um bocadinho da história e termos o nosso Tony”, conta, sendo secundada por outro membro do grupo que diz “para o ano deveria ser novamente assim”.
O consenso deste grupo de fãs é que, sendo Portugal “um país de tradição católica”, o adiamento das festividades do 25 de Abril para este dia foi “uma questão de respeito” devido à morte do Papa Francisco. “Acho que cada feriado é um feriado. Contudo, mediante a situação que ocorreu, não julgo a decisão tomada, era muito difícil”, conta outra das presentes ao Observador. Assim, apesar de esta quinta-feira a comemoração da Revolução dos Cravos “não ser se calhar tão forte como se fosse no próprio dia”, ao incluir as duas festividades numa só, “juntou-se o útil ao agradável”.
O casal de Dionísio e Laurinda é de opinião semelhante. Questionado se a motivação para estarem presentes foi a celebração das datas ou os concertos, o aposentado de 75 anos disse que “tudo ajuda, em conjunto, é um bloco destas coisas todas”. Para lá de todas as polémicas, ”isto o que a gente quer é destas coisas, é mais um dia de festa, de nos juntarmos uns com os outros. Sabe como é que o Papa disse? Todos, todos, todos, e aqui é paz, paz e paz. Acho que ninguém se farta da paz”, defendeu. No entanto, os dois — prestes a cumprir 50 anos de casamento em junho — admitem que acabaram por vir porque a filha queria ver Tony Carreira e levou-os a eles e à neta a São Bento. Havia, contudo, outra motivação: ambos são sociais-democratas “deste o tempo do Sá Carneiro”, com a doméstica de 76 anos a revelar-se uma fã confessa de Luís Montenegro: “Gosto dele, gosto da maneira de ser dele. Não é arrogante, como alguns, que ofendem as pessoas”.