
O investidor Warren Buffett disse este sábado a milhares de acionistas da Berkshire Hathaway que os Estados Unidos não deveriam usar o “comércio como arma” e irritar o resto do mundo.
O multimilionário estava a referir-se à guerra de tarifas comerciais iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que agitou os mercados globais.
“É um grande erro, na minha opinião, quando se tem 7,5 mil milhões de pessoas que não gostam muito de si e 300 milhões que se estão a gabar do seu desempenho”, disse Buffett, comparando a população mundial à dos Estados Unidos.
Embora o investidor tenha dito que é melhor que o comércio entre países seja equilibrado, não acha que Donald Trump o esteja a fazer da forma certa com a atual política de tarifas generalizadas. “Deveríamos procurar negociar com o resto do mundo. Devemos fazer o que fazemos melhor e eles devem fazer o que fazem melhor”, disse.
As tarifas foram o principal assunto das perguntas que os acionistas enviaram antecipadamente ao repórter da CNBC, que entrevistará Buffett e os seus dois principais gestores ao longo do dia. Mas os investidores também estarão à espera que o multimilionário explique porque tem 347,7 mil milhões de dólares (cerca de 307 mil milhões de euros) em liquidez na Berkshire.
Buffett disse que não vê muitos investimentos com preços atrativos que compreenda hoje em dia, mas previu que um dia a Berkshire será “bombardeada com oportunidades para as quais ficará feliz por ter dinheiro em caixa”.
O encontro de acionistas da Berkshire Hathaway, que se realiza em Omaha, no Nebraska, atrai cerca de 40 mil pessoas todos os anos que querem ouvir Buffett, incluindo algumas celebridades e investidores conhecidos.
Este ano, Hillary Rodham Clinton também compareceu. A democrata protagonizou a última candidatura à Casa Branca apoiada publicamente por Buffett, uma vez que o investidor tem evitado a política e qualquer tema controverso nos últimos anos por medo de prejudicar os negócios da Berkshire.
A acionista Linda Smith, de 73 anos, ouviu falar de Warren Buffett e da Berkshire Hathaway quando alugou um quarto à sua irmã, Doris, enquanto esta era estudante de pós-graduação em Washington D.C. Linda Smith contou à agência de notícias AP que Doris voltou para casa de uma reunião anual pouco depois de a Berkshire ter comprado a See’s Candy e disse-lhe que precisava de comprar as ações.
Linda Smith não conseguiu comprar imediatamente porque o preço de uma única ação estava a ser vendido por cerca de 3.400 dólares, perto de 3.000 euros, o que equivalia ao seu rendimento como estudante de pós-graduação. Mas, assim que conseguiu um emprego depois da faculdade, seguiu o conselho da amiga e começou a poupar para comprar algumas ações que são agora vendidas por 809.350 dólares (cerca de 715 mil euros).
Ao longo dos anos, Linda Smith estima que provavelmente participou em cerca de 20 reuniões anuais e quase sempre leva um amigo. “Gosto muito de ouvir Warren Buffett, especialmente este ano, com tudo o que aconteceu”, apontou Linda Smith.
Já Haibo Liu chegou a acampar durante a noite à porta da arena para ser o primeiro da fila hoje de manhã. Liu disse que teme que este ano possa ser a última reunião de Buffett, uma vez que tem 94 anos, pelo que deu prioridade a comparecer na segunda reunião.
“Ele ajudou-me muito”, comentou o acionista, que viajou da China para participar. “Quero realmente expressar a minha gratidão a Buffett”, acrescentou.