Ataque a viaturas no centro de Moçambique envolveu metralhadora e catanas

A polícia moçambicana disse nesta quarta-feira que foram usadas catanas e uma metralhadora no ataque de terça-feira a viaturas em Maringue, Sofala (centro do país), antiga zona de confrontos com a Renamo, mas sem que se conheçam os autores.

“Decorre, de forma fervorosa, todo o desdobramento operativo e diligências conducentes à responsabilização dos autores materiais deste crime”, afirmou Leonel Muchina, porta-voz do comando-geral da Polícia da República de Moçambique, em conferência de imprensa, em Maputo.

O porta-voz disse que o “ataque armado” aconteceu num troço da estrada Nacional 1 (N1), no povoado de Nhazuazua, posto administrativo de Subue, distrito de Maringue, envolvendo um grupo de seis homens, com idades entre os 55 e os 65 anos.

“Dos quais, um portando uma arma de fogo de tipo AK-47 e outros portando catanas. Interpelaram duas viaturas pesadas de transporte de carga, que estavam em trânsito, seguindo o trajeto Nhamapaza a Caia, tendo-as imobilizado e incendiado um total de sete viaturas, cinco das quais estavam a reboque”, explicou.

De seguida, acrescentou o porta-voz, “interpelaram” uma viatura de transporte de passageiros.

Ameaçaram e despojaram os bens e dinheiro dos viajantes, tendo, posteriormente, obrigado o motorista a seguir a marcha”, detalhou Muchina, sublinhando que deste ataque “não houve vítimas humanas”.

Alguns contornos deste ataque, que ocorreu cerca das 06h00 da manhã locais (05h00 em Lisboa) já tinham sido avançados na terça-feira pelo comandante provincial da PRM em Sofala, centro de Moçambique, Ernesto Madungue.

A área foi palco, entre 2013 e 2015, de ataques regulares a veículos durante os confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança e o braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), entretanto desarmada na sequência do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR).

Questionado pelos jornalistas, o comandante provincial da PRM disse que “é prematuro” atribuir o ataque a homens armados da Renamo, prometendo novas declarações após a investigação.

O processo de DDR, iniciado em 2018 no âmbito do acordo de paz entre as partes, abrange 5.221 antigos guerrilheiros da Renamo, dos quais 257 mulheres, e terminou em junho de 2023, com o encerramento da base de Vunduzi, a última da Renamo, localizada no distrito de Gorongosa, província central de Sofala.

O Acordo Geral de Paz de 1992 colocou fim a uma guerra de 16 anos, opondo o exército governamental e a guerrilha da Renamo. Foi assinado em Roma, entre o então Presidente, Joaquim Chissano, e Afonso Dhlakama, líder histórico da Renamo, que morreu em maio de 2018.

Em 2013 sucederam-se outros confrontos entre as partes, que duraram 17 meses e só pararam com a assinatura, em 05 de setembro de 2014, do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares, entre Dhlakama e o antigo chefe de Estado Armando Guebuza.

Em 01 de agosto de 2019 foi assinado na Gorongosa o Acordo de Cessação Definitiva das Hostilidades Militares, entre o Governo do Presidente, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade.

Cinco dias depois, em Maputo, foi assinado o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, que está atualmente a ser aplicado.

Author: Tudonoar

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