Da difícil escolha de um júri isento à defesa do rapper enquanto mero “swinger”. O que esperar do início do julgamento de P. Diddy – Observador

É acusado de agredir, drogar, violar, traficar, intimidar e subornar dezenas, senão centenas de pessoas. O número de alegadas vítimas de Sean “Diddy” Combs foi crescendo nos últimos dois anos. Mesmo nos dias que antecedem o seu julgamento, em Nova Iorque, com início marcado para esta segunda-feira, 5 de maio, continua a aumentar. Os relatos mais recentes fundamentam o modus operandi do músico que terá utilizado o poder e a fama para criar uma rede de agressão e tráfico sexual que passou incólume durante décadas.

“Não importa quantos processos sejam instaurados — especialmente por indivíduos que se recusam a colocar os seus próprios nomes por detrás das suas reivindicações — isso não mudará o facto de o Sr. Combs nunca ter agredido sexualmente ou traficado alguém: homem ou mulher, adulto ou menor”, continua a assegurar a equipa de advogados do rapper norte-americano, de 55 anos, em reação às novas acusações de agressão sexual que lhe são dirigidas, algumas a envolver crianças e jovens.

A acusação mais recente foi registada no Supremo Tribunal de Nova Iorque, a 1 de abril de 2025. De acordo com a Vulture, que fez um levantamento de todas as denúncias formalizadas, foram feitas 63 acusações criminais e civis contra o músico. A vítima mais recente a denunciar um abuso do rapper é mais um John Doe — a determinação legal para uma vítima anónima nos EUA. Este homem alega que Combs o coagiu a fazer-lhe sexo oral durante a gravação de um anúncio publicitário, em 2022.

Mesmo que não prestes para nada, eu faço a tua carreira descolar“, terá dito o músico ao homem, maior de idade ao tempo dos factos, depois de entrar no trailer utilizado no set de exterior para as gravações que estavam prestes a começar. Apesar de ser um homem heterossexual, a vítima sentiu-se coagida a praticar o ato e, já durante a alegada agressão sexual, diz ter sido ameaçado com violência física por “Diddy”.

“Vivemos num mundo em que qualquer pessoa pode intentar uma ação judicial por qualquer motivo. Felizmente, existe um processo judicial justo e imparcial para descobrir a verdade, e o Sr. Combs está confiante de que prevalecerá no tribunal”, garantiram, mais uma vez, os advogados perante esta acusação.

Até agora, “Diddy” alegou sempre a inocência em relação a todas as acusações, e, na quinta-feira passada, rejeitou formalmente a oferta do Ministério Público norte-americano para um acordo. Em troca de admitir a culpa dos crimes de que é acusado seria poupado à possibilidade de ser condenado a uma pena de prisão perpétua, que continua agora na calha dos possíveis desfechos de um julgamento que se espera longo e com muitos desafios para o júri que vai decidir, perante o país e grande parte do mundo, o futuro da estrela de música norte-americana.

De óculos, a usar um uniforme prisional bege, mas de bom humor. Foi assim que P. Diddy chegou à sala de audiências do Tribunal de Nova Iorque na passada quinta-feira. O juiz Arun Subramanian pediu-lhe que confirmasse a rejeição da oferta de acordo por parte do Ministério Público norte-americano. O arguido anuiu, mostrando-se calmo, como descreve a BBC.

A insistir na declaração de inocência e a colaborar com a justiça norte-americana — é assim que o músico se tem apresentado sempre que vai a tribunal. O seu papel, para já, é este e não vai muito para lá da cordialidade e da repetição de que nunca agrediu sexualmente qualquer pessoa e que deseja, acima de tudo, que se faça justiça.

Atrás de si tem, no entanto, uma sólida máquina legal que parece até já ter montado uma linha de defesa concreta para diminuir ao máximo a pena de prisão do músico, que viu todos os pedidos de caução para aguardar julgamento em liberdade recusados nos últimos meses. Numa audiência recente, Marc Agnifilo, advogado de “Diddy”, apresentou o cliente como um rapper que levava o “estilo de vida” de um “swinger”, mas que só se envolveu sexualmente com adultos que lhe deram o respetivo consentimento.

O advogado admitiu que algumas pessoas possam considerar os comportamentos que o músico teve como inadequados, mas alega que a sua prática não faz do seu cliente um criminoso. Na curta declaração, Agnifilo remete, assim, para o cerne de muitas das acusações que pendem sobre o produtor musical: os tão badalados “freak offs”.

Author: Tudonoar

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