Dezenas de elevadores pararam devido ao apagão. Alexandre salvou uma jovem que ficou presa três horas – Observador

Alexandre estava a fazer uma inspeção rotineira num elevador de um prédio às 11h33 quando as luzes se apagaram. Tinha acabado de deixar entrar um morador, com o qual seguia para o rés-do-chão, e o primeiro pensamento foi que, apesar de ter tido todos os cuidados necessários, pudesse ter provocado alguma avaria.

Não ficaram presos “porque não calhou” e rapidamente conseguiram sair, deparando-se no exterior do prédio com os primeiros sinais do apagão que atingiu Portugal, Espanha e algumas zonas de França: luzes e semáforos desligados, e pessoas à espreitar às janelas em busca de um motivo. Horas depois e a caminho de casa o funcionário de uma empresa de elevadores, estava a ser parado no meio da estrada por alguém que pedia ajuda para retirar uma jovem presa há mais de três horas.

Esse foi apenas um de dezenas de casos que ao final da manhã de segunda-feira foram chegando às linhas de emergência de empresas de elevadores e às corporações de bombeiros. Alguns resgates foram dificultados pela instabilidade nas redes de comunicação e pelo “caos” nas estradas, relatou ao Observador a AG Eleva, empresa de manutenção de elevadores que opera na Grande Lisboa, e que fez 36 desencarceramentos num dia. Segundo o presidente da Liga dos Bombeiros de Portugal, foi possível “responder a todos os pedidos.”

“Como é evidente, essas situações foram mais nas áreas urbanas do que nas áreas do interior do país. Mas não temos registo de nenhuma situação em que houvesse pânico”, explica ao Observador António Nunes, sem conseguir precisar o número de ocorrências, afirmando apenas que foi na ordem das dezenas. Em Espanha os elevadores também foram um problema. Só em Valência, por exemplo, os bombeiros que trabalham na região realizaram 80 resgates.

A empresa em que Alexandre trabalha respondeu a vários incidentes durante o início da tarde de segunda-feira. Num primeiro momento pós-apagão, explicou num áudio enviado ainda na segunda-feira à Rádio Observador, todos os funcionários receberam ordens para ir para casa de modo a poupar combustível e baterias de telemóvel para estarem disponíveis nos casos de emergência. Estava precisamente a regressar a casa na carrinha do trabalho, facilmente identificável pelos logótipos, quando viu uma mulher a “esbracejar” na sua direção, no centro de Vila Nova de Gaia.

“Abrando e pergunto se está tudo bem e se é para mim que está a querer falar, quando ela, aproximando-se, me diz que está uma pessoa presa num elevador há mais de três horas”, contou. Seguiu-a logo para o interior de um prédio e, de mochila às costas e lanterna na mão, subiu até ao quarto andar, onde uma jovem de cerca de 20 anos estava presa.

Author: Tudonoar

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