
A expectativa era grande para o regresso, passados 13 anos, de Lady Gaga ao Brasil. Depois dos vários concertos de 2012 e uma atuação cancelada em 2017, o espetáculo da noite de sábado no Rio de Janeiro tinha ainda outro aliciante: um possível novo recorde de espetadores.
As duas horas de concerto reuniram no vasto areal de Copacabana mais de 2 milhões de pessoas (a artista anunciou 2.5, mas os responsáveis falam em 2.1), valor suficiente para ultrapassar os 1.6 que viram Madonna em 2024, mas insuficiente para destronar Rod Stewart — que detém desde 1994 o recorde mundial do concerto com mais espetadores, com pelo menos 3,5 milhões de pessoas, numa atuação também realizada em Copacabana.
Fora da esfera musical, o momento que levou mais pessoas à praia carioca foi a missa final da Jornada Mundial da Juventude de 2013, no Brasil, com o Papa Francisco. A organização apontava para mais de 3.7 milhões de fiéis na celebração que encerrou a primeira viagem fora de Itália para o argentino, já como Pontífice.
Num tom solene, Stefani Germanotta (nome oficial de Lady Gaga) enfeitiçou os fãs que esperaram mais de meia hora pelo início do concerto que arrancou com “Abracadabra” – música do álbum “Mayhem”, a mais recente obra da norte-americana e que dá nome à tour que a levou ao Brasil.
Depois de ter começado o espetáculo inspirada numa estética de “ópera gótica”, Gaga trocou o vestido vermelho por um que arrancou o aplauso do público que sentiu a sua bandeira representada nas vestes da cantora: era verde e tinha uma faixa diagonal azul e amarela.
O Folha de São Paulo descreve a intenção da cantora com este espetáculo — cujo alinhamento não fugiu ao já verificado em atuações anteriores: Gaga quer representar a sua morte, enterro e ressurreição. Esta ‘tour’, que arranca oficialmente julho em Las Vegas, teve direito a prelúdios no festival Coachella, nos Estados Unidos da América, e um espetáculo no México.
LADY GAGA PERFORMING ABRACADABRA AT COPACABANA BEACH IN BRAZIL ???????? pic.twitter.com/ZG8eVYqbDO
— pop culture gal (@allurequinn) May 4, 2025
Além das músicas do disco mais recente, a cantora presenteou os fãs com alguns dos maiores clássicos, como “Poker Face”, “Born this Way”, “Shallow” e “Alejandro”. Esta última canção surgiu depois de um dos momentos mais pessoais do concerto.
Antes de chamar por ‘Alejandro’, Gaga, vestida de branco, subiu a uma parte mais elevada da estrutura no palco, pendurou uma bandeira brasileira e, com a ajuda de um brasileiro, leu uma carta aos fãs, onde pediu desculpas por falhar o Rock in Rio de 2017 (onde era a principal atração e não conseguiu ir devido a uma fibromialgia). “De todas as coisas pelas quais poderia agradecer, tenho esta: vocês esperaram por mim mais de dez anos. Podem perguntar porque demorei tanto a regressar. A verdade é que estava a curar-me, estava a ficar mais forte, mas enquanto eu me curava, algo poderoso acontecia: vocês continuavam a torcer por mim e a pedir pelo meu regresso. Brasil, eu estou pronta. Eu amo vocês”, disse, antes de se emocionar e começar a chorar.
lady gaga lendo carta aberta feita exclusivamente para o público brasileiro. isso vale mais do que qualquer tchauzinho que ela daria na varanda da suite que ela estava no copacabana palace ???? pic.twitter.com/oaKa0TFQnX
— acervo lady gaga (@acervodagaga) May 4, 2025
A atuação ainda contou com menções à comunidade LGBTQIA+ do Brasil — a quem dedicou a ‘Born this Way’ e um bouquet de flores atirado aos fãs nas primeiras filas. Ao som de “Bad Romance”, um espetáculo de fogo de artifício encerrou o concerto que deixou milhões de fãs (na praia, ou em casa) em delírio.
O final do concerto devolveu o caos às ruas e transportes do Rio de Janeiro, que antes da atuação já tinha sentido a enchente de pessoas para o ‘show’ de entrada gratuita, com milhares de pessoas a entupirem o metro carioca.
alejandro by lady gaga, live at copacabana in front of over 2.5 million people.pic.twitter.com/wLx5sL0p4O
— songs that changed history (@iconiksongs) May 4, 2025