
O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, afirmou nesta segunda-feira que “pensar diferente é bom”, mas que as desavenças não podem ser resolvidas com violência, posição assumida poucas horas depois de se encontrar com o ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane.
“Não se desenvolve um país com violência, porque violência gera violência. Não se desenvolve um país com ódio, porque ódio gera ódio. Não se desenvolve um país com maldade, porque maldade gera maldade. Para desenvolver Moçambique tem de haver amor entre irmãos”, afirmou Daniel Chapo, ao dirigir-se à população de Lichinga, no Niassa, que visitou nesta segunda-feira.
“Pensar diferente é bom, porque até gémeos que nascem no mesmo dia não pensam da mesma forma”, afirmou, acrescentando: “Quando temos preocupações e temos desavenças, ninguém pode fazer Justiça pelas suas próprias mãos, existem instituições”.
Insistiu que é “preciso acabar com a violência” e a destruição, que está a provocar “morte”, e com isso “restabelecer a paz” em Moçambique.
Moçambique vive há mais de cinco meses um cenário de forte agitação social, na sequência das eleições gerais de 09 de outubro, em que já morreram mais de 360 pessoas em manifestações, paralisações, cortes e barricadas nas estradas, saques e destruição de bens públicos e privados, protestos convocados por Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados anunciados da votação e a vitória de Daniel Chapo.
“Entre nós, moçambicanos, tem de reinar o amor, tem de reinar o perdão, tem de reinar a reconciliação. Porque só assim podemos construir Moçambique”, defendeu Chapo, mas sem se referir diretamente ao encontro, o primeiro, que manteve na noite de domingo com Venâncio Mondlane.
Na capital do Niassa, o Presidente afirmou ainda que é “preciso terminar” com a “confusão” que se segue habitualmente às eleições em Moçambique: “Nós decidimos que desta vez vamos sentar (…) Se o problema está com a lei eleitoral vamos sentar, se for preciso retificar, vamos retificar, para não termos mais problemas“.
Prometeu ainda “falar de tudo” no atual processo de pacificação do país, incluindo da governação, para que nas próximas eleições “não haja motivo” para “fazer confusão”.
Por seu turno, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, liderado por Daniel Chapo, defendeu nesta segunda-feira que o encontro entre o Presidente da República e o ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane aponta para um estadista “aberto à convergência de ideias”.
“O recente encontro (…) reafirma a sua postura de estadista aberto à convergência de ideias e ao fortalecimento da unidade nacional”, lê-se num comunicado.
A Frelimo defende que o encontro entre o Presidente de Moçambique e Venâncio Mondlane representa o compromisso do chefe do Estado para com o “diálogo construtivo e inclusivo”, cujo objetivo é garantir a estabilidade política e social do país.
“A estabilidade e a unidade nacional são pilares essenciais para o progresso de Moçambique. Nestes dois meses desde a sua investidura, Daniel Chapo tem demonstrado, com ações concretas, que a governação deve assentar na inclusão, na justiça social e no respeito mútuo, promovendo um país onde a dignidade humana seja um valor central e inegociável”, acrescenta-se no documento.
O Presidente de Moçambique reuniu-se este domingo com Venâncio Mondlane para “discutir soluções face aos desafios que o país enfrenta”, anunciou durante aa noite a Presidência da República e o ex-candidato presidencial justificou o encontro como forma de procurar uma “solução nacional” face às necessidades do país.
“Em busca de uma solução nacional para o grito de socorro da população em relação à situação de insegurança extrema em que o país se encontrava, mantivemos um encontro com o chefe do Governo, Daniel Francisco Chapo (…) para iniciar um processo mútuo para responder aos apelos e anseios do povo Moçambicano”, escreveu Mondlane, na sua página oficial na rede social Facebook.