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Se no ano passado o debate entre Luís Montenegro e André Ventura ficou marcado pela oficialização do “não é não” da AD ao Chega, este ano Montenegro repetiu com todas as palavras que não fará alianças com Ventura. “Já fui muito claro: é impossível governar com o Chega. Não tem fiabilidade de pensamento, comporta-se como um catavento”. Se no ano passado, André Ventura ainda acabou o debate a admitir uma coligação, desta vez não deixou qualquer hipótese de tal acontecer: “Montenegro não quer contar com o Chega nem com ninguém, quer muletas como teve a IL e CDS. Para governar como governo, não são de confiança”.
Feitas as devidas clarificações, pensava-se que iriam ambos falar de propostas para o país. Mas, acabaram sempre a atacar o passado. Montenegro até falou da vida de Ventura no PSD, Ventura citou Sá Carneiro para acusar o líder da AD de “não ter vergonha na cara”, e a discussão escalou para um “estou em frente a António Costa, versão olhos azuis, votar no PS e no PSD é a mesma coisa” vs um “a sua gravata [cor de rosa] é muito condizente com o que foi a sua ação no último ano”. Porque, na saúde, na imigração e na habitação apenas houve críticas. E o mesmo em relação aos programas eleitorais, num debate crispado, o mais longo de todos, nos ecrãs da SIC.
Já o frente a frente entre Rui Rocha e Mariana Mortágua, na CNN, mostrou novamente duas visões ideológicas completamente diferentes. O líder da Iniciativa Liberal e a coordenadora do Bloco começaram por discordar no investimento na Defesa, com Rocha a considerar que é preciso aumentar gastos “passo a passo” e que isso “trará vantagens” e Mortágua a contrapor que “aumentar o endividamento para comprar armas não tem racional”, uma discussão que rapidamente chegou à guerra da Ucrânia. Rui Rocha acusou a coordenadora do Bloco de ter desvalorizado o conflito, ela respondeu-lhe que “ainda a IL apoiava a venda de vistos Gold à Rússia e eu já denunciava a oligarquia de Putin”.
Depois ambos divergiram sobre habitação (tecto às rendas vs construir mais, mais depressa e mais alto), saúde (melhorar o SNS vs escolher onde se quer ser tratado), funcionários públicos e contas do programa (com críticas duras de parte a parte).
Foram os últimos debates desta segunda semana e os últimos antes da terceira e última semana que só terá o frente a frente entre os dois principais líderes (em simultâneo nos três canais generalistas), Luís Montenegro vs Pedro Nuno Santos, e depois o debate a oito nas televisões, com todos os partidos com assento parlamentar, que será transmitido pela RTP, às 21h00.
Na semana seguinte, dia 5, terá lugar o debate a oito nas rádios. Será às 9h30.
Pode ver o que resta do calendário completo dos debates aqui.
[Já saiu o sexto e último episódio de “O Misterioso Engenheiro Jardim”, o novo PodcastPlus do Observador que conta a história de Jorge Jardim, o empresário que, na verdade, era um agente secreto que liderou missões perigosas em todo o mundo, tentou criar um país e deu início a um clã de mulheres aventureiras. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no YoutubeMusic. E pode ouvir aqui o primeiro episódio, aqui o segundo, aqui o terceiro, aqui o quarto e aqui o quinto episódio]
Tal como no ano passado, o Observador está a dar notas num “Vencedor é” — à semelhança do programa e podcast da Rádio Observador — dos debates, em que avalia quem ganhou. Assim, ao longo destes dias, um painel de avaliadores do Observador dará notas de 1 a 20 a cada um dos candidatos por cada um dos frente a frente. E explicará porquê. A média vai surgindo a cada dia, no gráfico inicial.
Filomena Martins — O palco era para o combate. O homem da gravata rosa contra o homem da pose de Estado. E no meio, o país que já viu este debate o ano passado e pensou: não é não. Montenegro repetiu-o esta noite, como se nada tivesse mudado — nem ele, nem Ventura, nem o argumento. E entrou a matar com o guião já ensaiado: “Não é possível governar com o Chega” — porque Ventura é um catavento, porque fala mal até do que defendeu ontem e porque não tem maturidade nem decência para governar. Ah, e porque o programa do Chega custaria 40 mil milhões, uma espécie de Mega Euromilhões da demagogia populista. Ventura respondeu com a metralhadora (“cassete”, chamou-lhe LM) habitual. Corrupção? Bandalheira. Saúde? Um desastre. Primeira consulta oncológica? Um drama. Uma grávida? Teve um filho à porta de casa — símbolo do colapso do SNS. Montenegro até conhecia o episódio e explicou-o: o parto foi assistido por segurança, os profissionais estiveram à altura. Mas Ventura já tinha lançado a imagem, e no reino do clipe e da indignação instantânea, a explicação não tem tempo de antena e a saúde é de facto a fragilidade deste governo, que nem a compostura dos números apresentados atenua. Depois, vieram as acusações de oportunismo. Montenegro lembrou que Ventura foi militante do PSD durante 17 anos, que o elogiava, que até o queria líder. Ventura devolveu com um “andava atrás de mim” e chamou-lhe, sempre, “senhor primeiro-ministro”, com aquele tom entre a ironia e o desprezo. Mostrou que sabia o que estava a defender e quis passar por cima da gritaria. Imitou, aliás, o estilo de Pedro Nuno Santos com Ventura: não responder diretamente, deixar o outro agitar-se e parecer pouco confiável. A tal estratégia de Estado. Não sabemos se resulta, mas já percebemos que está a ser usada pelos dois principais candidatos a primeiro-ministro. Ventura, como sempre, vive bem com a gritaria, mas sabe-se lá porquê, esqueceu-se da Spinumviva. Disse que vai pôr todos os boys e girls na rua no primeiro dia. Que o PSD e o PS são a mesma coisa. Que Montenegro é Costa versão olhos azuis. E que a sua política é antissistema — embora tenha passado anos dentro dele. Montenegro, na resposta mais mordaz da noite, olhou para a gravata cor de rosa de Ventura e disse: “Muito condizente com a sua ação no último ano”. Sorriso discreto, farpa certeira. Foi o seu momento Ventura-style, só com menos volume e mais verniz. No fim, ficou claro que este não foi um debate para ganhar eleitores — foi para cristalizar posições. Ventura grita “corrupção”, “invasão”, “sistema”. Montenegro repete “seriedade”, “responsabilidade”, “Estado”. E no meio, quem votou Chega em 2022 foi interpelado diretamente: “Têm aqui um caminho na AD”, disse Montenegro, como quem oferece um porto seguro ao eleitorado zangado. O problema? Ventura gosta do caos. E Montenegro, que sabe disso, tentou enfrentá-lo sem se sujar. Pode não ter ganho votos, mas também não perdeu. E no meio desta cacofonia política, isso é muito.
Pedro Jorge Castro — André Ventura não trazia golpes decentes para arrasar um primeiro-ministro ultra-fragilizado, a quem nem falou “olhos nos olhos” do caso Spinumviva. Deu vários murros durante o debate, mas acertaram ruidosamente na sua própria mão. Numa tasca passariam por convicção; neste debate pareceram frustração. Montenegro foi eficaz nos ataques ao líder do Chega: a demonstrar a sua posição sempre do contra; a apontar a imaturidade de um défice de 14% com as suas propostas; e a denunciar a sua postura, pouco própria de um Conselho de Ministros. Teve dificuldades a defender-se na Saúde, mas desmontou o caso da grávida do dia. De Ventura esperava-se mais eficácia. Terá bastado para reter eleitorado, mas não para convencer muitos indecisos entre os dois partidos, que valorizem as contas certas e saibam que não foi o primeiro-ministro que definiu o salário do governador do Banco de Portugal. Montenegro pode também não ter convencido muitos simpatizantes do Chega, mas a sua postura foi certeira para agradar a indecisos do centro, que não queiram Ventura e terão ficado mais descansados com a veemência do “não é não”. Vai ser mais difícil ainda ver Montenegro a convidar Ventura para um Governo depois de esta noite ter dito que nunca irá para um Conselho de Ministros.
Miguel Santos Carrapatoso — Não foi um debate fácil para Luís Montenegro. André Ventura teve o mérito de centrar a conversa no tema que maiores dificuldades tem colocado ao Governo: a Saúde. Na última campanha eleitoral, a AD criou expectativas que se mostraram demasiado ambiciosas — e agora tem de responder pelos resultados menos conseguidos, naturalmente. Confrontado com isso mesmo, Montenegro desfiou os resultados conseguidos pelo atual Governo, reconhecendo, aqui e ali, que o Executivo não conseguiu resolver tudo, mas que as coisas lá vão melhorando. “Parece o António Costa mas de olhos azuis”, devolveu-lhe André Ventura — e as semelhanças de discursos foram embaraçosamente evidentes. Também de forma algo inexplicável, Montenegro deixou-se enrolar com a história das “bandeirinhas” e o passado de Ventura no PSD, perdendo a compostura e a calma em vários momentos — e precisava de mais sangue frio (o tal que Pedro Nuno Santos demonstrou no frente a frente com o líder do Chega) para acentuar as diferenças em relação à forma de estar de Ventura na política. Apesar de tudo, Montenegro conseguiu as três coisas que queria para este debate: dizer que André Ventura não tem “maturidade” para fazer parte de qualquer solução de poder; alegar que o Chega esteve sempre aliado ao PS para tentar “destruir” um Governo de direita; e, por fim, atacar o delirante programa eleitoral do Chega, que custaria qualquer coisa como “40 mil milhões de euros” e um “défice de 14%”. Ventura, igual a si próprio, esbracejou muito, falou muito e muito alto, falou sobre todos os que “gamam” há 50 anos (e isso tem a sua eficácia, é inegável), mas não foi capaz de concretizar uma única medida que tem para o país, não conseguiu dizer realisticamente como é que vai pagar o que propõe e, pasme-se, nunca confrontou Luís Montenegro com o Spinumviva. Depois de tudo o que andou a dizer sobre o primeiro-ministro, nem uma palavrinha sobre o caso? Vá-se lá saber porquê.
Rui Pedro Antunes — André Ventura sabia que Luís Montenegro queria vender a imagem de um estadista contra um instável e, surpreendentemente, o líder do Chega nada fez para contrariar isso. Ventura manteve a postura de troll — que atira para o ar bocas como quem está no café — com uma agravante face ao mesmíssimo número que tinha feito no ano passado: desta vez estava em frente ao primeiro-ministro. A direita-direita, a mais conservadora e institucionalista, não gosta de ver uma pessoa a quase insultar o primeiro-ministro. Seja ele quem for. Quando atirou a Montenegro sobre a grávida que teve o parto à porta do hospital, o primeiro-ministro ripostou com aquilo que é também a vantagem de um chefe de Governo: ter informação. Montenegro sabia que era por razões médicas e não por a urgência estar fechada que o parto aconteceu à porta do hospital. Ventura, não. Isto, claro, se Montenegro estiver a dizer a verdade (é matéria para fact check futuro). Mesmo assim, se houve área em que o líder do Chega conseguiria conseguiu ferir o presidente do PSD foi na Saúde, por conseguir que o tema — que torna o Governo muito impopular — dominasse largos minutos do debate. Ventura não teve, no entanto, coragem para centrar o debate no caso Spinumviva, mas atirou a Montenegro as típicas toadas de que PS e PSD representam a corrupção há 50 anos. Montenegro fez as contas e lembrou a Ventura que também ele esteve uma boa parte da vida no PSD e nada fez para combater o sistema. Quando o líder do Chega lembrou que um dia Montenegro disse sobre ele que “este gajo é mesmo bom”, e que foi a um comício da candidatura a Loures, o primeiro-ministro matou dois coelhos de uma só cajadada: “Foi o seu AMIGO Sérgio Azevedo que proporcionou isso”. Ora, Montenegro sabia que Sérgio Azevedo é um dos principais arguidos do TuttiFrutti e que aparece nas escutas a falar sobre Ventura. A partir desse momento, o líder do Chega não falaria mais de corrupção. Ventura acabou assim por ser mais eficaz apenas no falhanço dos serviços do Governo e, em alguns momentos, a colar Montenegro ao PS, chamando-lhe até, num bom soundbite, um “António Costa de olhos azuis”. Falhou, porém, quando atirou o salário de Centeno contra o primeiro-ministro, que tem um longo conflito com o governador do Banco de Portugal. Montenegro conseguiu depois ripostar contra Ventura acusando-o de ter a mesma ligação ao PS (até lembrou que tinha uma gravata cor de rosa), incluindo em matérias como a imigração (por ter, por exemplo, votado ao lado dos socialistas contra Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras na PSP). O primeiro-ministro acabaria também por ser eficaz no apelo ao voto útil a quem votou no Chega: “Ter um deputado ou 50 é igual”. O Chega é, de facto, venturocêntrico — e, para já, não terá hipóteses de vencer umas eleições legislativas — o que pode levar algum eleitorado a querer dar força a um Governo de direita, sabendo que a voz de Ventura no Parlamento está mais do que assegurada.
Luís Rosa — Rui Rocha ganhou claramente a uma Mariana Mortágua que apenas se diferencia dos populismos da extrema-esquerda do resto da Europa pelos ténis All Star de cano curto e as respectivas meias coloridas da moda — e teve o seu melhor debate até agora. Rocha marcou logo pontos no tema da Defesa ao recordar o que Mariana Mortágua disse três dias antes da invasão de Putin: “A guerra não existe”. Foi um bom tiro porque Rocha conseguiu ao mesmo tempo colar o BE ao PCP e desmontar com eficiência a teoria do Bloco de que não há ameaça para Portugal porque a Ucrânia está longe, muito longe. E ainda recordou a hipocrisia do Bloco que prega o internacionalismo mas não tem “solidariedade para com os países do Báltico” — que estão na primeira linha de ameaça da Rússia de Putin. Os termas internacionais contam para o eleitorado jovem urbano e Rocha marcou pontos aqui. Como também marcou no tema da Habitação ao demonstrar com ainda maior eficiência de que a solução dos tetos à renda não funcionou — ao contrário do que o Bloco apregoa — na Holanda ou na Alemanha. Como também não solucionou nada em Dublin ou na Catalunha sempre pela mesma razão: os tetos à renda fazem com que a oferta de casas para arrendamento diminua de forma muito significativa, o que faz aumentar os preços — o contrário do que o Bloco quer. Eis um bom exemplo da boa preparação de Rocha para este debate: quando Mortágua tentou desmentir uma notícia referente ao mercado de arrendamento da Catalunha, Rocha respondeu de imediato: “80% dos contratos de arrendamento [na Catalunha] desapareceram do mercado com os tetos”. A solução da IL para o problema da habitação — “construir, construir, construir. Construir mais depressa e construir mais alto” — fica no ouvido e obrigou Mortágua a defender a mesma solução. A líder do BE só marcou alguns pontos no tema da Saúde, não só porque Rui Rocha não consegue explicar como funciona o modelo da IL — o que são os subsistemas? —, como também Mortágua teve uma frase populista eficiente do ponto de vista de algo que é muito importante para muitos portugueses: “A IL quer destruir o SNS” e prejudicar o acesso universal à saúde. Nesta parte do debate, assistimos a um pormenor curioso quando Mortágua atacou especificamente a PPP de Braga para tentar ajudar Francisco Louçã, o líder do histórico do BE, a ser eleito num círculo em que Rui Rocha também é cabeça-de-lista. O modelo para a Saúde e a reorganização do Estado são pontos frágeis do programa dos liberais que Mariana Mortágua explorou bem, nomeadamente com o dado concreto de que os liberais querem despedir mais funcionários administrativos do que aqueles que existem.
Pedro Jorge Castro — Que números foram estes atirados por Mariana Mortágua a Rui Rocha no fim do debate? O programa da Iniciativa Liberal implica cortar 102 mil funcionários administrativos, quando só há 92 mil? É possível? Por falta de tempo, clareza, eficácia ou de tudo um pouco, Rui Rocha não conseguiu rebater bem esta estimativa, que deve ter agravado as dúvidas em alguns eleitores sobre as contas para pagar as descidas de impostos. No resto dos temas, o líder dos liberais foi 1X2: Rui Rocha foi vigoroso a mostrar que o tecto das rendas traz problemas a longo prazo; já foi mais eficaz a defender o aumento do investimento em Defesa; e continua a não explicar bem na prática como funciona a complexa proposta para o caos da Saúde. Mariana Mortágua teve mais killer instinct e preparou melhor um debate equilibrado, vivo e feito com elevação. Ninguém ia mudar de campo, mas a claque do Bloco terá saído um pouco mais contente do que a claque liberal. Rui Rocha precisava de um pouco mais para reter eleitorado e chegar aos indecisos.
Miguel Pinheiro — A dada altura, parecia que Mariana Mortágua estava genuinamente a tentar convencer Rui Rocha a votar no Bloco de Esquerda; e que, ao mesmo tempo, Rui Rocha estava genuinamente a tentar convencer Mariana Mortágua a votar na Iniciativa Liberal. Mas, como o líder da IL verbalizou já no final do debate, “as posições são diametralmente opostas” — e, por isso, nenhum deles iria conseguir retirar votos ao outro. Esse equívoco de base prejudicou a eficácia de ambos no frente a frente. Apesar disso, tanto Mariana Mortágua como Rui Rocha estavam preparados para defender as suas propostas — nos dias de hoje, já não é mau de todo.
Miguel Santos Carrapatoso — Os primeiros quatro minutos do debate são dispensáveis — nenhum dos dois foi particularmente brilhante em matéria de Defesa. Depois foi-se tornando interessante, com os dois intervenientes a discutirem políticas públicas alternativas em duas áreas fundamentais: Habitação e Saúde. Rui Rocha esteve particularmente bem ao desafiar a bloquista a provar em que países é que as propostas do Bloco de Esquerda resultaram; Mariana Mortágua marcou pontos ao mostrar as fragilidades (que existem) no programa eleitoral da IL. Nenhum conseguiu, ainda assim, superiorizar-se ao outro. Não tendo sido um debate de fazer parar o país, não tendo a ferocidade ou o rasgo que talvez se esperasse, os dois seguraram os respetivos eleitorados, mas sem direito a nota artística. Um empate justo.
Recorde aqui as notas dos debates:
Luís Montenegro-Paulo Raimundo e André Ventura-Inês Sousa Real
Pedro Nuno Santos-Mariana Mortágua e André Ventura-Rui Tavares
Pedro Nuno Santos-Rui Rocha e Mariana Mortágua-Inês Sousa Real
Nuno Melo-Isabel Mendes Lopes e Rui Rocha-Paulo Raimundo
Pedro Nuno Santos-Inês Sousa Real e Mariana Mortágua-Paulo Raimundo